terça-feira, 31 de outubro de 2017

FERNANDO DE NORONHA


Nesta nossa segunda viagem a Fernando de Noronha em outubro de 2017 ficamos na Pousada da Tia Zete, onde a simplicidade das acomodações é compensada pela simpatia da proprietária, dos funcionários e pelo delicioso café da manhã. Além disso, a localização é muito boa ficando próxima da BR 363, nas imediações da Praça do Bosque Flamboyant. Isto facilita bastante os deslocamentos na Ilha pois está praticamente no meio da menor BR do país que tem cerca de 7 km de extensão. A poucos metros tem um ponto de ônibus que na direção sul, leva ao Projeto Tamar, ao Aeroporto, e tendo como ponto final a Baía do Sueste. Na direção norte ele passa pela vila dos Trinta e o ponto final dos ônibus fica no Porto Santo Antônio. A passagem custa R$ 5,00 e nos dois sentidos o ônibus passa pela imediações do Centro Histórico que fica na Vila dos Remédios.
O inconveniente é que os ônibus passam somente de 30 em 30 minutos e quando um deles apresenta algum defeito, apenas um funciona.
Outras alternativas de transporte são alugar um buggy (R$ 250,00 a diária) ou usar os táxis (central: 81 3619 1314) que tem na Ilha, que são bem caros como tudo em Noronha. É preciso ter boa disposição para caminhar, pois mesmo usando um dos meios de transporte acima, é necessário fazer algumas trilhas para chegar nas melhores praias de Noronha.
Importante informar que o Arquipélago de Fernando de Noronha é formado pela ilha principal e mais 21 ilhas e ilhotas secundárias. A única ilha habitada é a de Fernando de Noronha, com cerca de 2.600 moradores. O arquipélago é dividido entre Área de Preservação Ambiental (APA) e Parque Nacional Marinho (PARNAMAR), que ocupa 70% da ilha.
Para a visitação da ilha é necessário o pagamento da Taxa de Preservação Ambiental (TPA) que é um tributo cobrado e arrecadado pelo Estado de Pernambuco. O valor da Taxa é cobrado por dia de permanência (R$ 68,74 por dia) e pode ser paga no aeroporto no momento do desembarque ou pela internet, o que agiliza a chegada na ilha.
Além dessa taxa, tem ainda o Ingresso no Parque Nacional Marinho que vale por 10 dias e que é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO). Entretanto, a coordenação de toda visitação é feita pela Econoronha, a concessionária que venceu a licitação e já deu uma nova cara ao Parque Marinho com instalação de dois Postos de Informação e Controle (PIC's). Um deles está localizado no acesso ao mirante do Golfinho e do Sancho e o outro na baía do Sueste, além de passarelas suspensas e mirantes feitos com material reciclado com aspecto de madeira.
O ingresso para a cesso ao Parque é de R$ 198,00 com desconto de 50% para brasileiros (R$ 99,00) e isenção para maiores de 60 anos (nosso caso) e menores que 12 anos.
Quem visitou Noronha há 13 anos atrás, como nós, e voltou agora são visíveis as melhorias que foram feitas após a concessão, que inclui ainda a revitalização e manutenção de trilhas e mirantes, nova sinalização e monitoramento do parque.

No primeiro dia, como já chegamos no final da tarde, logo após deixar as malas na pousada, caminhamos até a Vila do Remédios e descemos mais um pouco até o Bar do Cachorro para o primeiro aperitivo em Noronha com direito a caipirinha, cerveja, música ao vivo e um lindo entardecer com a vista da praia de mesmo nome e com o Morro do Pico emoldurando a paisagem.
A volta é uma subida íngreme e conseguimos uma carona de buggy até a pousada.
Entardecer na praia do Cachorro com o Morro do Pico a esquerda e Morro do Meio a direita
Canto direito da praia do Cachorro no entardecer
No segundo dia, como ainda não estávamos familiarizados com as distâncias entre os diversos pontos de interesse na ilha, tomamos um táxi (R$ 25,00) até o Centro de Visitantes do ICMBio (próximo ao projeto Tamar) para agendar a visitação às piscinas naturais da praia da Atalaia que a exemplo da praia do Abreu, Morro São José e Pontinha Caieira, devido a sua fragilidade, possuem restrições e o acesso só é permitido por meio de agendamento, com o ingresso do parque e condicionada à disponibilidade de vaga.
A procura é tão grande que só conseguimos agendar para o sexto dia e que já era o nosso penúltimo dia na ilha.
Após o agendamento seguimos alguns metros pela BR 363 que é acompanhada de calçada compartilhada com ciclovia e em seguida tomamos a trilha de acesso a praia do Bode, Cacimba do Padre e Baía dos Porcos onde fizemos o primeiro mergulho de máscara e snorkel para avistar a diversidade marinha do local.
Nesta Baía fica localizada uma pequena piscina natural onde é proibida a entrada pois os pesquisadores descobriram que é o único local de reprodução de algumas variedades de corais.
Para chegarmos até o PIC Golfinho-Sancho, de onde tem-se acesso as passarelas e mirantes para uma vista deslumbrante do Morro dois Irmãos e Baía do Sancho, é preciso pegar uma trilha não muito longa mas tem que encarar uma subida íngreme, então optamos em chamar um taxi (R$ 25,00).
Depois de passarmos pelos mirantes, descemos as duas escadas verticais incrustadas em duas fendas nas rochas e ainda mais 150 degraus até chegarmos a praia do Sancho.
Comparada com as escadas que existiam na última vez que visitamos Noronha, que eram de ferros frágeis e enferrujados fincados nas rochas, esta até parece uma escada rolante.
Depois de um mergulho na praia que está entre as mais belas do mundo, chegou a vez de encarar a subida e o acesso até o PIC que tem lanchonete, chuveiros e lojinha com ar condicionado.
Daria para seguir a trilha até a BR e tomar o ônibus, mas devido ao cansaço do dia, optamos em chamar outro táxi (R$ 31,00) e ir direto até a pousada.
A noite o jantar foi no restaurante do Ginga, que classificaríamos como regular, e que fica bem próximo da pousada e na frente da Praça Flamboyant.

Praia do Bode e ao fundo praia da Cacimba do Padre o Morros dois Irmãos

Baía dos Porcos vista da trilha que vem da Cacimba dos Padres
Pequena piscina natural na Baía dos Porcos onde ocorre a reprodução de corais raros
Praia Cacimba do Padre com a praia do Bode e Morro do Pico ao fundo

Parte da Baía do Sancho visto do Mirante
Morro dois Irmãos e Baía dos Porcos

Canto direito da praia e Baía do Sancho
No terceiro dia tomamos o ônibus e fomos direto até o ponto final que fica no PIC Sueste para mergulharmos de snorkel e nadadeiras para avistamento da vida marinha, especialmente de tartarugas. Para acesso a praia é necessário o ingresso do parque e para mergulhar é obrigatório o uso de coletes flutuadores que podem ser alugados no local (R$ 7,00). As condições não estavam muito boas pois no dia anterior começou a entrar um swell e as ondas deixavam muitas partículas em suspensão exigindo maior esforço para que os visitantes se dirigissem mais para fora da baía para ter melhor visibilidade.
Pela primeira vez lamentei não ter levado ou alugado uma câmera submarina tipo gopro, pois o avistamento de uma enorme barracuda foi fascinante. Parecia que ela tinha se alimentado recentemente pois ainda tinha escamas fincadas nos dentes e ficava parada bem abaixo de mim, como se ainda estivesse fazendo a digestão. Logo em seguida se aproximou uma enorme tartaruga que por momentos interagiram e depois se afastaram e optei em ficar observando a tartaruga que não tinha parte da nadadeira dianteira direita, possivelmente arrancada por algum tubarão quando ainda era pequena pois já estava bem cicatrizada.
Caminhando pelo canto esquerdo da praia ainda foi possível avistar um pequeno tubarão limão que nadava tranquilamente na beira da praia.
Após este mergulho tomamos o ônibus até o outro extremo da ilha e ponto final do ônibus que é a praia do Porto.
Almoçamos no restaurante Mergulhão, que fica no acesso ao Porto que não recomendamos pois tanto o atendimento quanto a comida são ruins.
Após um breve descanso mergulhamos na praia do Porto que surpreendentemente tem uma variedade de vida marinha especialmente tartarugas a poucos metros da praia.
No final da tarde tomamos o ônibus até a pousada e a noite jantamos no restaurante São Miguel que também fica próximo da pousada e classificamos como bom.


Parte da Baía do Sueste e Morro da Madeira ao fundo

Baía do Sueste com A Ilha Cabeluda e  Morro do Chapéu ao fundo.
No quarto dia descemos até a praia do Cachorro onde conhecemos o buraco do galego, um poço profundo com águas transparentes que localiza-se no costão direito da praia. Depois de algum tempo passamos pela praia do Meio e fomos até a praia da Conceição que fica na base do Morro do Pico, o ponto mais alto de Fernando de Noronha com seu 323 m de altura.
Nesta praia passamos praticamente o dia inteiro tomando caipirinha e cervejas, com o conforto de um guarda sol e cadeiras de praias. O aluguel do conjunto de guarda sol e duas cadeiras nos custou R$ 30,00, o que nos pareceu bem razoável e parecido com o que custaria em qualquer praia do país.
No retorno para a pousada ligamos para o sr. Erivaldo (81 99484 8484), um motorista de táxi muito simpático que conhecemos no dia anterior, para nos pegar na praia da Conceição pois o retorno até a pousada é uma subida contínua e bem cansativa.
A exemplo do que ocorre em grande parte do país a telefonia celular não funciona em alguns lugares em Noronha e nossa comunicação só foi possível via whatsApp (81 9641 5075). Embora os preços das corridas sejam tabelados, você pode pedir o cartão do motorista que tenha um veículo em bom estado e que prestou um bom serviço e ligar para ele sempre que precisar.
No final da tarde descemos até a Vila dos Remédios e em seguida encaramos uma subida até a Fortaleza Nossa Senhora dos Remédios (construída em 1737) para apreciarmos o por do sol.

Praia do Cachorro com a praia do Meio e Morro do Pico ao fundo

Buraco do Galego que localiza-se no costão direito da praia do Cachorro
Praia do Cachorro vista do costão direito
Morro do Meio que fica entre as praias do Meio e Conceição visto do costão direito da praia do Cachorro
Praia do Meio com praia do Cachorro ao fundo

Praia da Conceição com o Morro do Pico que tem 323 m de altura


Vista para o canto direito da praia da Conceição
Enorme pedra que se equilibra sobre uma pequena base localizada entre as praias do Meio e Conceição

Por do sol emoldurado pelo Morro do Pico e Morro dois Irmãos ao fundo, visto da Fortaleza Nossa Senhora dos Remédios







No quinto dia em Noronha, depois do café da manhã, tomamos novamente o ônibus em direção ao ponto final da Baía do Sueste e fizemos a trilha de aproximadamente 1 km (15 minutos) até o mirante da praia do Leão e descemos até a praia onde passamos grande parte do dia. Nesta praia que é totalmente deserta, com ondas grandes e correntezas, o banho de mar foi nas pequenas piscinas naturais que se formam no canto direito da praia. Nesta praia, que é um dos pontos de desova de tartaruga em Noronha, chama a atenção algumas estacas verdes fincadas nas dunas que servem de marcação de ovos de tartaruga, por onde não deve-se caminhar. 
Depois de retornar pela trilha até o ponto final da BR, tomamos mais uma vez o ônibus, agora no sentido do Porto e saltamos na Vila dos Trinta para almoçar no restaurante Varanda, o melhor que conhecemos em Noronha. Com um ambiente agradável, atendimento de qualidade e uma comida excelente, já foi eleito para voltarmos no dia seguinte.
No jantar bastou irmos até a Hamburgueria Noronha próxima a pousada e dividirmos um hamburguer.
Praia do Leão com o Morro da Viúva ao fundo

Morro do Leão (parece um leão marinho deitado) que dá nome a praia




No sexto dia em Noronha tínhamos agendado a trilha até as piscinas naturais da praia da Atalaia. Como nosso agendamento era somente para as 12:30 h, acordamos um pouco mais tarde e tomamos o café da manhã mais descansadamente e em seguida fomos caminhando até o ponto de encontro que fica no portão da Atalaia, na Vila dos Trinta.
Como chegamos cedo e alguns visitantes faltaram, conseguimos antecipar nossa visita para o grupo das 11:30 h. Depois do monitor reforçar as orientações que já haviam sido dadas no dia do agendamento, como não usar protetor solar, repelente e demais dermo-cosméticos, nadadeiras, sapatilhas, luvas e a obrigatoriedade de usar coletes flutuadores para não tocar nos corais, seguimos a trilha em descida de 1.500 m até a praia.
A praia é linda mas as piscinas naturais, embora tenham uma variedade bem grande de corais, a visualização de peixes e outras formas de vida marinha foi decepcionante pois as piscinas estavam muito reduzidas pelo assoreamento e segundo o depoimento do pesquisador ICMbio e do guia credenciado, elas devem ser fechadas a visitação por um tempo para tentar voltar a situação anterior.
Depois da flutuação na piscina natural, que não passa de meia hora, o grupo se dividiu e parte seguiu com o guia pela trilha da Pontinha que é mais longa e difícil e outros voltaram para o ponto de partida na Vila dos Trintas.
A volta pela mesma trilha que descemos, embora seja de apenas 1.500 m, é em subida e com algumas pedras no caminho e o cansaço acumulado, dificultou bastante o retorno.
Como já tínhamos programado no dia anterior, fomos até o restaurante Varanda e almoçamos algo mais leve pois em seguida desceríamos a pé cerca de 1,7 km até o Porto para mais um mergulho com snorkel.
Este mergulho foi surpreendente pois logo no início, bem perto da praia, encontramos a primeira tartaruga e em seguida mais três que eram tão dóceis que ficavam embaixo de nós, se alimentando de algas nas rochas e só subiam para respirar e voltavam para o mesmo lugar.
Ficamos horas mergulhando com elas e com uma variedade de peixes e fechamos o dia com chave de ouro pois no dia seguinte, por volta das 13:00 h a pousada nos levaria até o aeroporto.

Chegada da trilha na praia da Atalaia

Panorâmica da praia da Atalaia onde só é permitido mergulhar nas piscinas naturais da direita.

Canto esquerdo da praia com o Morro do Frade ao fundo



A pergunta que todos fazem é qual o número de dias suficientes para aproveitar o máximo de Noronha. É uma pergunta difícil de responder pois depende do rítmo de cada um, da disposição e capacidade física, pois mesmo alugando um buggy é preciso percorrer algumas trilhas para chegar em algumas das melhores praias da ilha.
Nesta nossa segunda viagem a Noronha, desconsiderando o dia da chegada e o dia da saída, ficamos cinco dias inteiros e não conseguimos ir em alguns locais que queríamos visitar. Também optamos em não fazer a trilha para avistamento dos golfinhos que ocorre muito cedo nem fizemos o passeio de barco e o mergulho autônomo pois já havíamos feito na primeira viagem.
Portanto, acreditamos que em uma primeira viagem a Noronha, sem considerar o dia de chegada e o dia de partida, seja necessário pelo menos uma semana cheia.